Funcionário estava cedido para a polícia, e não tinha autorização
para usar uma arma. Policiais e zelador estão presos pela execução em
plena luz do dia.
O “Fantástico” exibiu ontem (07) reportagem sobre a morte do mecânico Irialdo Batalha (veja o vídeo), de 35 anos, assassinado no dia 28 de maio, em Vitória do Mearim, por um zelador.
A matéria seguiu mostrando que o zelador Luís Carlos Machado de
Almeida participava de uma blitz da PM e acabou executando uma pessoa na
frente de todo mundo, em plena luz do dia. O Fantástico relatou que os
policiais começaram a atirar e acertaram o garupa da moto – Irinaldo
Batalha – que caiu, mas ainda estava vivo.
O governo chegou a emitir nota alegando que houve troca de tiros, mas
o delegado Guilherme Souza Filho informou que as duas vítimas não
estavam armadas. Confira abaixo a matéria completa.
Um crime inacreditável. Como pode um zelador municipal participar
de uma blitz da PM e acabar executando uma pessoa na frente de todo
mundo, em plena luz do dia?
No vídeo, um homem no chão acabou de ser baleado em uma blitz da PM
em Vitória do Mearim, interior do Maranhão. Ele está cercado por
curiosos.
No meio da aglomeração está um homem uniformizado. Repare nos trajes
dele: calça de estampa militar, colete à prova de balas. Parece um
policial. Ele inclusive segura uma arma.
O homem pisa na cabeça da vítima e atira duas vezes. Depois da
execução, o assassino e um policial colocam o corpo no carro da PM e vão
embora.
Tudo aconteceu em uma rodovia. Os dois jovens seguiam de moto para
uma festa. Quando fizeram uma curva deram de cara com uma blitz. O
piloto da moto diz que não conseguiu frear imediatamente e, segundo as
investigações, os policiais começaram a atirar. Acertaram o garupa da
moto que caiu, mas ainda estava vivo.
O garupa era o homem que acabou sendo executado: Irialdo Batalha, um mecânico de 35 anos que não tinha passagens pela polícia.
Quem pilotava a moto era um amigo de infância, Diego Fernandes, que levou um tiro no pé. Diego diz que a moto está com um problema no freio e por isso ele não conseguiu parar na blitz. “Quando eles viram que eu não ia conseguir parar, já começaram atirar”, diz Diego Fernandes.
Quem pilotava a moto era um amigo de infância, Diego Fernandes, que levou um tiro no pé. Diego diz que a moto está com um problema no freio e por isso ele não conseguiu parar na blitz. “Quando eles viram que eu não ia conseguir parar, já começaram atirar”, diz Diego Fernandes.
A moto ainda vai ser periciada. Com base no depoimento dos PMs que
estavam na blitz, a secretaria de Segurança Pública do Maranhão afirmou
que houve troca de tiros durante uma perseguição a suspeitos de
realizarem assalto a comércio.
Para o delegado que investiga o caso, não houve troca de tiros. “Segundo as testemunhas do lugar do crime, as duas vítimas não estavam armadas”, afirma o delegado Guilherme Souza Filho.
Para o delegado que investiga o caso, não houve troca de tiros. “Segundo as testemunhas do lugar do crime, as duas vítimas não estavam armadas”, afirma o delegado Guilherme Souza Filho.
A PM então reconheceu o erro e prendeu os dois PMs que fizeram a
blitz, identificados apenas como sargento Miguel e soldado Gomes.
E quem é o assassino?
E quem é o assassino?
O homem que aparece no vídeo atirando era contratado como zelador
pela prefeitura da cidade e estava cedido para prestar serviços à
polícia, mesmo respondendo a um processo por homicídio e de não ter
sequer autorização para usar uma arma, ele participava de operações
policiais. Ele se chama Luís Carlos Machado de Almeida e foi preso na
quinta-feira passada.
“Ele era pago pelos cofres do município para trabalhar de vigilante e
eu não sei porque cargas d´água ele estava trabalhando, usurpando a
função de policial militar”, diz o delegado.
Pior: segundo o delegado, esse não foi o primeiro crime de Luís
Carlos cometido em uma blitz. “Ele inclusive aqui na comarca de Vitória
do Mearim responde a outro homicídio com as mesmas características”,
afirma o delegado.
O comando da PM diz que não sabia que Luís Carlos participava
clandestinamente de operações da PM. “A informação que tenho do comando
local é que era uma pessoa colocada pela prefeitura para a parte
administrativa e não tinha como fim desenvolver operações policiais”,
diz o comandante geral da PM do Maranhão, Marco Antonio Alves.
Segundo a apuração da PM, Luís Carlos foi convocado para participar
da blitz por um dos policiais que agora estão presos. “O sargento Miguel
que era o comandante naquele momento é que fez a solicitação”, diz o
comandante.
Irialdo foi levado já morto para o hospital da cidade. O corpo foi
periciado, mas o laudo ainda não ficou pronto. Depois da divulgação das
imagens, a Secretaria de Segurança emitiu uma nova nota.
Essa nota chama Irialdo de suspeito de participar do assalto, mas
reconhece que ele foi executado. A nota afirma ainda que o governo do
estado adotará todas as medidas para punir todos os responsáveis pelo
crime.
Na sexta-feira passada, houve manifestação em Arari, cidade onde
Irialdo morava. “Naquele momento em que ele estava atirando nele ali,
ele não estava matando só ele: estava matando todos aqui, junto, porque a
família está destruída. Ninguém tem mais alegria para nada afirma
Izanilton Batalha, irmão da vítima.
Por Neto Ferreira
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